28 setembro, 2007

Hoje é dia de futebol...

Adoro futebol. Mas não gosto muito de escrever sobre as quatro linhas aqui. Sempre usei o Balcão da Padaria para falar de outros assuntos mais importantes e não é que o futebol não seja um assunto importante. Ele é o mais importante sobre os menos importantes. Acho que comentei de futebol aqui apenas três vezes. E nunca sobre o meu time!

Mas esta semana um fato me fiz rever isso. Algo que para muitos, pode parecer irrelevante, mas, para quem freqüenta arquibancada como fã de futebol não é: As torcidas são uma espécie de antigozo hoje em dia. Com sua violência bestial afastam o torcedor comum dos estádios. Não sei, por exemplo, se um dia meu sobrinho que tem dez anos hoje vai ter o mesmo gosto que eu para vá a um estádio gritar por um time.

Mas recentemente, dois times do combalido futebol carioca fizeram surgir uma chama neste breu de violência. Com duas canções de arquibancadas extraordinariamente lindas, sem um termo de guerra, sem palavrões, sem ofensas as torcidas do Botafogo e do Vasco, entoam verdadeiras perólas hoje em dia.

O Botafogo, com sua versão de um hino do Porto de Portugal (E Ninguém Cala Esse Nosso Amor), começou esta onda. E recentemente, o Vasco, começou a entoar um novo hino, cheio de referências ao seu passado recente.

No caso do Vasco, isso ainda vem com um alivio. O Vasco vive talvez a maior ditadura dos times brasileiros. Os jogadores são proibidos de dar entrevistas, os sócios não conseguem eleger o presidente que querem, a imprensa trabalha amarrada em São Januário. Qualquer palavra hoje que saia da boca de um Vascaíno ou da torcida já é algo válido. E o jogador citado na canção foi um dos últimos a ir contra o câncer Eurico Miranda. Juninho Pernambucano é lembrado pela língua ferina, por não abaixar a cabeça jamais para os desmando de Eurico, é entoado como autor que levou o Vasco a final da Libertadores de 1998.

Padeiro Convidado

Abro hoje espaço para um dos escribas que mais admiro. Tenho orgulho em falar que sou amigo dele. Willian Magalhães, um cara politizado, coerente com suas idéias, que tem um jeito irônico de escrever. O Will é uma das poucas pessoas que conheço que escreve como fala, sem isso parecer mal feito. Seu blog sempre me bota um sorriso nos lábios e uma reflexão na cabeça. Acessa ele: http://abandonartotalmente.weblogger.terra.com.br

30/09 - Dia municipal da música eletrônica

No próximo domingo é comemorado em São Paulo o Dia Municipal da Música Eletrônica. Vocês sabiam que existia um dia da música eletrônica em São Paulo? Não, né? Nem eu.

Pois bem. Fui informado essa semana quando soube de algumas festas (ou seria uma só?) que ocorreriam no D-Edge algum dia desses. A existência do dia dedicado ao estilo musical se dá devido a uma lei aprovada há dois anos pela Câmara dos Vereadores. A autora do projeto é a Soninha. A data é todo último domingo de setembro, mas este ano é a primeira vez que a lei sai do papel, por ocasião da tal festa.

Eu adoro a Soninha. Acho o discurso dela coerentes e sensatos, inclusive votei nela e leio diariamente o blog, salvo as vezes que o assunto é futebol - aí me reservo o direito de ler apenas quando há comentários sobre o “lado humano” dos jogadores, técnicos e tal, se é que podemos chamar assim. Enfim. Minha primeira reação ao saber da existência da tal lei foi achá-la desnecessária. “Tem tanta coisa mais importante”.

Entrei no site da Soninha que contém o texto da lei e conta com uma “justificativa” do projeto. Não precisei passar da primeira linha para que minha posição sobre o assunto mudasse.

A apelativa foi forte. Cultura. Gatos, hello! A música eletrônica já faz parte da cultura dos jovens paulistanos. Encontra-se representada por Djs, clubes e admiradores por toda a cidade. E pode sim ser considerada uma manifestação artística.

Logo, partindo por esse ponto de vista, faz todo um sentido a cidade ter uma lei “homenageando” a música eletrônica. Ela faz parte da vida das pessoas e de como estas se relacionam com a cidade e com outros cidadãos. Precisa ser incentivada, discutida e debatida, assim como o forró, o axé, o punk, o folclore, o bumba meu boi, os bonecos de Olinda e inúmeros outros expoentes da cultura.

É para que um dia projetos de música eletrônica ganhem espaços como o Centro Cultural, por exemplo, que abriga tanto shows de músicas eruditas quanto de bandas undergrounds novas e/ou pouco representativas e até quiçá de vidas efêmeras.

Você nem precisa gostar de música eletrônica para perceber a importância da lei e a discussão que isso pode gerar. A reação de muitos ao ler as primeiras linhas deve ter sido a mesma que a minha. Mas é só para pra pensar um minutinho e eu prometo: nem dói nada, só dá uma ânsia. Olha a sociedadezinha de merda em que a gente vive que não valoriza/percebe (nem dá importância) a cultura (que tem).

William Magalhães é estudante de jornalismo e não gosta de música eletrônica.

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