06 agosto, 2006

É verdade. Infelizmente.

Ontem assisti ao bom Zuzu Angel. É um filme interessante, embora abusando das tintas um pouco heróicas, traz a tona uma discussão que devemos ter. Lamentavelmente é verdade tudo o que aconteceu. Gostaria de falar que a luta da estilista mineira, que morava no Rio de Janeiro foi um embate à parte. Não foi. O reconhecimento da morte do filho de Zuzu, nunca foi pelo governo militar da época nem pelos posteriores! Seu filho, Stuart Angel, foi um ativista político torturado e morto pela ditadura militar na década de 1970.

É lamentável, mas temos inúmeros “Stuarts” no Brasil. Alguém lembra quem foi julgado e considerado culpado pela morte de Carlos Lamarca? Marighela? Pelo estudante Edson Luís de Lima Souto, morto no restaurante Calabouço no Rio de Janeiro? Ou ainda, Getúlio, seu governo e sua polícia secreta responderam pela morte pela militante comunista judia Olga Benário? E por tantos mortos. Os governos brasileiros sempre foram complacentes com criminosos E por tantos mortos. Os governos brasileiros sempre foram complacentes com criminosos poderosos e constituídos pelas vias burocráticas.

Estes injustiçados, foram somente alguns que mencionei. Quem vai ser julgados pelos inocentes mortos na recente caça as bruxas das forças de segurança do estado de São Paulo? Percebe? E hoje, lendo a Folha de São Paulo descubro que depois de analise nos arquivos de documentos do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), a polícia de São Paulo ajudou o carrasco nazista Herbert Cukurs, acusado de participar da morte de 30 mil judeus em Riga, na Letônia.

A polícia de São Paulo teria dado proteção por mais de um ano ao criminoso de guerra, que chegou a ser reconhecido por suas vítimas em 1960, na capital de São Paulo. Contra Herbert, pesam mais de 60 mil mortes no período da segunda guerra. E agora? Será que daqui a 50 anos irão descobrir que a polícia brasileira de abrigo para criminosos de Israel? Sim, pois o governo brasileiro tem uma postura muito, desculpem o termo, mas “frouxa” no que diz respeito a guerra de EUA e Israel no Oriente Médio.

Dica do Português.

Como não poderia deixar de ser, sugiro uma ida ao cinema para ver Zuzu Angel. O filme poderia ser muito melhor, se não fosse a visão de novela da Globo filmes. Sergio Rezende menospreza o espectador ao dar um plano contrário ao que estamos acostumados no cinema. Tendo no currículo filmes biografias de personagens como Tenório Cavalcanti, Lamarca, Antônio Conselheiro e do Visconde de Mauá, a direção de Rezende neste longa chega perto de decepcionar, mas tudo isso é relevado quando na cena em que Zuzu encontra-se com o sapateiro pai de Lamarca, que no filme é interpretado por Nelson Dantas, em seu último papel. A cena justificaria, por si só, a realização do filme. Essa cena é fictícia, mas interpretação de Nelson, dá o tom que o filme, buscou sem conseguir atingir na plenitude durante todo o tempo.

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3 comentários:

Anônimo disse...

Ainda não assisti ao filme (infelizmente), mas, deixo aqui minha admiração pelo cinema nacional. Esse que busca uma identidade própria, com nossas histórias, nossas dúvidas e peculiaridades que fazem de nós um povo inconfundível (e, por que não dizer, admirável).
Qualidade é algo que se compra, talento, não!
E, Léo, amei seu blog!

Fabio Camargo disse...

Eu também assisti no sábado, as 20h lá no Cine Bombril. E concordo: na cena em que Zuzu se encontra com o pai de Lamarca, a emoção e surpresa é maior que todo o resto do filme consegue nos proporcionar. Como diria um colega aqui do meu trabalho, "foi do caralho", hehe! =P

Abraço, sir.

Anônimo disse...

Assistimos ao filme durante uma aula no curso de Letras.
Em conversa com a classe, achamamos que Sérgio Rezende desempenhou um papel, de diretor é claro, de forma excepcional.
Em nenhum momento encontramos "vestigios" de novela.