05 novembro, 2005

Saturou! Quero ir para Passárgada, para Maracangaia, qualquer lugar!

Cansei! Cansei de fenômenos midiáticos. Por causa desta profusão de fenômenos de mídia estamos assim. Não suporto mais o espaço dado à polêmica. Só vale a pena se for polêmico? Insuportavelmente intolerante, esta explosão de bizarros seres, fenômenos, e demais substantivos e adjetivos. Sem medo de errar. Estamos neste atoleiro por causa de uma vontade de aparecer maior do que de fazer.

Vejam só, vamos voltar ao passado e olhar brevemente três projetos para a educação apresentados somente nos últimos vinte anos, observem que bela sopa de letrinhas: O Falecido populista Brizola fez o CEIEP, o marketeiro Collor presenteou o Brasil com o CIAC e a controvertida Marta Suplicy brindou São Paulo com o projeto CEU. Em comum com os três projetos? Não existe entre eles, projeto pedagógico, recurso financeiros para subsistirem a um longo prazo, isto para não falar do empenho do estado e comprometimento dos gestores subseqüentes para que os projetos (em tese todos excelentes) serem levados adiante. Mas em compensação, garantiram uma bela exposição de mídia, e material para campanhas. Tanto em beneficio como também fornece munição a oposição.

E na cultura? Não agüento espaço dado aos mais bizarros seres. E detalhe: Não me refiro somente aos infelizes, programas popularescos. Estou escrevendo este texto após chafurdar meus combalidos neurônios na exibição de um programa de auditório de sábado à tarde, onde um homem vestido de bebê dançava ao som de um funk de onde não compreendi uma única palavra. O saldo? Além de neurônios perdidos, minha ilusão com a humanidade morreu um pouco mais. Ai pergunto: Que beneficio isso traz a camada social que é visada com a exibição do programa?

Mas não é somente em programas mais populares que vemos a mão velhaca da mídia mal direcionada trabalhando. A descoberta como o que é “cool” no momento a banda formada por cinco garotas e um rapaz Cansei de Ser Sexy. Pose, aliada a boa divulgação e trabalho de marketing da gravadora. O que difere eles (ou elas vai do gosto, da conveniência e politização do leitor) do funk do “nenenzão” acima? Cansei fez seu show de estréia em um desfile de moda para, estilistas, artistas plásticos, e socialites alternativas, enfim, formadores, em comparação com o funk do parágrafo anterior (desculpe, mas não lembro nem o nome do grupo), fez seu show de estréia em um baile de um subúrbio carioca ou de uma comunidade de morro (para quem não é carioca isso faz diferença, comunidade de morro e subúrbio). Na essência? Cansei e o Funk do nenenzão são a mesma coisa. Fenômenos midiáticos com prazo de validade.

Tanto no underground de onde veio a essência do Cansei, ou nos bailes de onde surgem duplas de MC´s e grupos de funk como o Nenenzão, existem trabalhos sérios sendo realizados. Mas, infelizmente vivemos na época da assessoria, do marketeiro, e eles, tanto ajudam o bom político, a boa música e bom ator, como também auxiliam na divulgação destas criaturas bizarras, que corrompem gerações, distorções movimentos culturais e auxiliam em distorcer idéias. Não prego censura, por favor, gostaria de um espaço aceitável e de fácil acesso a idéias legais também.

Dica do Português:

Picassos Falsos

Acredito que o Picassos Falsos é a síntese do que eu falei, portanto, olha ai a dica de hoje: Com o nome inicial de O Verso, o grupo teve primeira formação com Humberto Effe (vocal), Abílio Azambuja (bateria), Luis Gustavo (guitarra) e Zé Henrique (baixo), substituído depois por Luis Henrique. Depois de uma demo que passou despercebida, gravaram outra com três músicas produzidas por Alvin L., que também cedeu o título de uma canção para rebatizar a banda.
Pularam dos palcos de espaços undergrounds e bares, em 1986, para as rádios alternativas com a gravações demo de Carne e Osso e Quadrinhos. O primeiro disco, Picassos Falsos, lançado pelo selo Plug, vertente da gravadora RCA direcionada ao rock, estourou as duas músicas no rádio. O LP seguinte foi Supercarioca, inspirado na catástrofe em que o Rio de Janeiro se tornou depois das chuvas de verão de 1988. Caldeirão de rock dos anos de 1960 e 1970 misturado a MPB, traz citações de Noel Rosa na música Marlene, com Último Desejo, e também de Jimi Hendrix, com Third Stone from the Sun, em Bolero. Os Picassos Falsos foram considerados uma das melhores bandas da divisão de base carioca dos anos de 1980, ao lado do Hojerizah. Mas, mesmo com o disco bem-sucedido, não foram adiante. Pouco depois, foram dispensados da gravadora e o grupo defez-se em seguida.

Nenhuma gravadora se dispões a relançar o material que gerou os discos acima e mas o trabalho, interrompido em 1988 com a dissolução da banda. Passados quinze anos, eles voltaram a se reunir e lançaram Novo Mundo com músicas que fogem ao saudosismo. Neste álbum, eles freqüentam o repente, o forró, o samba, o funk e o rock. Este disco retoma a musicalidade de Picassos Falsos, e é facilmente encontrado hoje. Taí minha resposta aos fenômenos midiáticos. Hoje eu estou ranzinza. Mais que o normal. Acho que foi o nenenzão que causou tudo isso.

Abraços do português,
Servimos bem para servir sempre, pão quentinho de hora em hora.
E-mail: lgorgueira@hotmail.com
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6 comentários:

Fabio Camargo disse...

Há tempos que devia eu um comentário aqui pra você...


É. Concordo contigo em relação à porcaria televisiva a qual somos expostos nos fins-de-semana àfora.
Realmente, a coisa está feia, muito feia.
Por isso que eu prefiro pegar minha bicicleta e sair por aí, conhecendo melhor ainda essa São Paulo grande e cheia de mistérios.
Ou então, basta um computador, para passar o tempo, jogando conversa fora, ou simplesmente deitar e ler um livro, ouvir música, qualquer coisa, menos ouvir o tal do bonde do nenenzão - que GRAÇAS A DEUS eu não tive o desprazer de ver/ouvir, enfim.

Agora, em relação ao Cansei..

1- o Will não vai gostar do que você escreveu. haha

2- acredite você que, um jornalista inglês publicou num tablóide - ou algo assim - muito importante e com perícia musical, que "Cansei de Ser Sexy é uma das melhores promessas da busca do bom e velho poprock".. etc e tal, pois agora não me lembro mais.
Só sei que elogiou atééé...

Enfim, som bom, mesmo e, que eu te recomendo, é:
Kaiser Chiefs - Everyday I Love You Less And Less

Procure ouvir.
Procure por aí.
Se não achar, te passo pelo MSN. Rá!


Abraço, Léo cataporento ;p

wilL disse...

o fabio tah certo, vai se fuder e pronto não vou discutir.

Anônimo disse...

uahuhauhauhahu...
Que bizarrice!
Cansei de ser Sexy é kitsch, é um lixo!
Ah léo, passei no bocage viu...E não te achei!
BEIJOS

Anônimo disse...

Meu amor, que tal lembrarmos de Chico Buarque, Milton Nascimento, Tom Jobim e Vinícius? Meu ouvidos agradecem e meu neurônios vão funcionar normalmente.
Bjs, te amo

Anônimo disse...

Ô filhote!!!
Concordando contigo, no Brasil não existe nenhum projeto com o intuito de se fazer uma mídia desvinculada da acumulação de capital. As "descobertas" do que é novo não são nada mais do que escolhas do mercado sobre que mais renderá.
Da mesma forma que não somos donos das nossas escolhas nos produtos da indústria comum, também não somos na "Indústria Cultural". Salve Adorno e Horkheimer!!!!!!!!

Anônimo disse...

respondendo a pergunta, que beneficio isso traz a camada social que é visada com a exibição do programa?
o de sempre "nada", enquanto isso, a população pede um beijo gay na tv, o Bush diz que diz e não diz nada, quem leva já levou mesmo e não precisa devolver, e nós aqui... o salário ó !!!