14 setembro, 2005

Nosso retrato...3x4, pois tem muito mais coisas

Somos uma sociedade estranha ou melhor somos todos doentes. Já disse o Amaral, e então prestei atenção. O número de anúncios de remédios é algo incrível. Mas não são remédios para uma cura, são apenas para a alto medicação, temos que ser saúdaveis. É o sistema colocando o combustível aditivador para terminarmos nosso dia. É o plano de saúde, que não serve para nada que temos, apenas é uma forma de garantir algo, pelo menos vamos ser internados e gastar só com o advogado, que vai provar que a doença não era pré-existente.

Somos um monte de loucos. Queremos fazer o tempo voltar atrás, uma forma de vermos que éramos ridículos e evoluímos, mas em dez anos vamos continuar achando que éramos ridículos,

Somos medíocres. Achamos um absurdo a situação do país, mas quando se fala em fazer algo para mudar, falamos que sempre foi assim, que não tem como mudar. Nem queremos pois não gostamos de política.

Somos nefastos e hipócritas. Sempre vamos tentar levar vantagem em algo, mas quando alguém o faz o condenamos. Quem nunca perguntou em um balcão de informações diante da negativa: "-Não tem como dar um jeitinho?"

Somos burros! Lemos e não aprendemos, escutamos e não sabemos (valeu Vinicius e Toquinho). Poucos procuram o terceiro grau apenas para ascensão intelectual, uma tentiva apenas de se conseguir mais numerário, infelizmente se for pensar apenas com o bolso não conseguimos nada.

Por isso tudo temos aí mensalões, mensalinhos, Maluf e outros cânceres, somos como já disse uma sociedade doente, mas não temos cura para nós mesmos. Estes fatos todos que fazem parte do noticiário, são a síntese da nossa sociedade, eles estão aí por que nos representam, em todos os sentidos.

Somos os culpados por esta fotografia.

Dica do Português:

Hoje é o novo trabalho de Gal Costa, o primeiro álbum pela Trama, que comemora seus 60 anos em grande estilo, acompanhada por novos compositores e músicos. São 14 faixas reunindo canções inéditas de vários compositores ainda pouco conhecidos como Moisés Santana, Júnior Barreto, Tito Bahiense, Moreno Veloso, Nuno Ramos e o trio Hilton Raw, Lenora de Barros e Marcos Augusto. Ela também canta três músicas do africano Lokua Kanza e dueta com ele em Sexo e Luz. A faixa é uma das três inéditas parcerias de Kanza com Carlos Rennó gravadas por Gal (Te Adorar e Mar e Sol são as outras). O CD foi produzido e arranjado por Cesar Camargo Mariano. Gal é Gal. Sem comentários, mesmo da metade dos anos 80 até o seu último trabalho, quando a qualidade musical destes esteve aquém do que Gal poderia produzir, ela manteve a aura mística de grande diva da MPB.

Abraços do português,
Servimos bem para servir sempre, pão quentinho de hora em hora.
E-mail: lgorgueira@hotmail.com
Comente! O seu comentário é o meu salário.


6 comentários:

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

Leo

Suas matérias estão cada vez mais maravilhosas!!!

Anônimo disse...

Gosto muito de suas matérias e as leio.

Esta de hj é a mais infeliz e verdadeira de todas,rica em exprimir o que realmente somos.

Somos o retrato de tudo que lemos, vemos e ouvimos do nosso país deserdado da sorte.

Anônimo disse...

Caro Leo,
Digamos que hoje estou bem informado sobre o câncer devido aos problemas que ando passando na família, de forma que irei fazer um breve comentário sobre sua analogia a esta maldita doença.
Não penso que os mensalões, mensalinhos, Maluf e outros casos são tumores mas, agora concordando como o núcleo de seu argumento, são metástases de um câncer contraído a muito tempo atrás, na origem de nossa civilização.
Já se falou muito sobre itens no núcleo da cultura brasileira que tornam possível o comportamento decrito em seu desabafo, posso citar a cultura do "favor" descrita por Roberto Schwarz, a "dialética da malandragem" apresentada por Antonio Cândido, o "patriarcalismo" e o "paternalismo" na obra de Sergio Buarque de Hollanda.
Darcy Ribeiro define o povo brasileiro como o resultado da mistura entre as matrizes portuguesa, tupi e negra. Mas será que poderíamos (como muita gente faz) atribuir isto a uma questão de mistura de etnias?
Só se o unico pais onde houvesse corrupçao fosse Brasil.
Não podemos deixar de lado o fato de que pensamos de acordo com uma "superestrutura" onde o capital fragmenta e individualiza nossas relações sobrando a disputa, ou para usar um termo do mercado, a competição pela manutenção de um lugar simbólico ao sol.
Sobra o argumento hobbesiano de que somos animais egoístas e não há o que se fazer.
Aí o egoísmo, que se expressa até na hora de nossa morte quando imploramos por mais um pouco de ar, mais um pouco de dinheiro, mais um pouco de sexo, se torna a razão de estas coisas acontecerem e aí é que possivelmente está o câncer.
As vezes me pergunto se concordo com Hobbes...

Existe saída?
Não sei.

Anônimo disse...

Humm...somos?

Janaina Pereira disse...

triste realidade, concordo com você.