Pois é “Pedro”, amanhã completamos cento e oitenta e três anos de independência, olha o que o grito que você deu (é o povo que diz isso hein?) virou . Rio ou choro? Quer coisa mais chauvinista que esta data? 7 de setembro? Independente de que? De quem? A república, esta aí com uma dívida aproximada de U$ 240 bilhões (!), temos hoje 33 milhões de analfabetos, o desemprego é de 9,4% em dados (questionáveis) de julho, existem no país 57 milhões de pessoas abaixo da linha de pobreza e 25 milhões de pessoas vivendo em extrema pobreza*. Isso para não falar da falta de segurança, saúde publica precária (hospital de guerra é melhor que os nossos), carga tributaria abusiva, currupção, negociatas, mensalões e seus derivados, desilusão com a política, sabiam que em pesquisa recente do IBOPE 90% dos entrevistados afirmaram estarem decepcionados com os políticos brasileiros. E amanhã seremos obrigados a escutar o lamentáveis comentários de nação soberana e outros quais-quais-quais que simplesmente servem para aumentar este rancor que faz minha bílis ficar cada vez mais negra.
Um movimento paralelo a este ufanismo ridículo é o “Grito dos Excluídos”. Pelo 11o ano consecutivo, movimentos sociais e Igreja Católica promovem, neste dia 7 de setembro, o Grito dos Excluídos, uma manifestação multifacetada que deve englobar protestos em mais de 20 estados. Em terras de bandeirantes, o “Grito” tem uma articulação composta por movimentos de moradia, catadores de materiais recicláveis, trabalhadores desempregados, pastorais sociais da Igreja, CNBB, MST e CUT, entre outros, organizam a atividade, que começou com uma marcha de desempregados nos dias 5 e 6, e no dia 7 se estende até o final da tarde, com uma concentração com missa na Praça da Sé pela manhã, seguida de uma passeata rumo ao monumento do Ipiranga, local da grande manifestação.
Desde que foi criado em 1995, o Grito dos Excluídos cresceu em participação e visibilidade, chegando agora a concorrer em pé de igualdade com as atividades cívicas e militares em homenagem ao dia da independência do Brasil. Acorda e vai dar uma passada na Praça da Sé para, senão fazer a sua parte, pelo menos ir ver o outro lado da “Independência”.
Padeiro Convidado:
Agora que eu enfiei o dedo de todo mundo no 220 e mexi com os brios de quem leu, vamos relaxar com inteligência. Como tinha comenta na última coluna estou publicando uma crônica com cara e sabor de Rio de Janeiro da minha companheira de escriba, Jana (www.venenodagata.blogspot.com), é o primeiro Padeiro Convidado do blog, eventualmente estarei publicando um texto de um amigo. Boa diversão:
Direto do balcão
Um movimento paralelo a este ufanismo ridículo é o “Grito dos Excluídos”. Pelo 11o ano consecutivo, movimentos sociais e Igreja Católica promovem, neste dia 7 de setembro, o Grito dos Excluídos, uma manifestação multifacetada que deve englobar protestos em mais de 20 estados. Em terras de bandeirantes, o “Grito” tem uma articulação composta por movimentos de moradia, catadores de materiais recicláveis, trabalhadores desempregados, pastorais sociais da Igreja, CNBB, MST e CUT, entre outros, organizam a atividade, que começou com uma marcha de desempregados nos dias 5 e 6, e no dia 7 se estende até o final da tarde, com uma concentração com missa na Praça da Sé pela manhã, seguida de uma passeata rumo ao monumento do Ipiranga, local da grande manifestação.
Desde que foi criado em 1995, o Grito dos Excluídos cresceu em participação e visibilidade, chegando agora a concorrer em pé de igualdade com as atividades cívicas e militares em homenagem ao dia da independência do Brasil. Acorda e vai dar uma passada na Praça da Sé para, senão fazer a sua parte, pelo menos ir ver o outro lado da “Independência”.
Padeiro Convidado:
Agora que eu enfiei o dedo de todo mundo no 220 e mexi com os brios de quem leu, vamos relaxar com inteligência. Como tinha comenta na última coluna estou publicando uma crônica com cara e sabor de Rio de Janeiro da minha companheira de escriba, Jana (www.venenodagata.blogspot.com), é o primeiro Padeiro Convidado do blog, eventualmente estarei publicando um texto de um amigo. Boa diversão:
Direto do balcão
Quando o Léo me convidou para escrever aqui, eu não sabia muito bem o que fazer. Afinal, ele escreve tão bem sobre os assuntos políticos e culturais que ficava difícil pensar em algo neste perfil. Política não é minha praia. Cultura é. Mas não vou falar sobre nada disso.
O Léo, como eu, é carioca. E quem vem do Rio, por si só, é diferente. Não é bairrismo: é fato. As pessoas que nascem perto do mar são mais alegres, soltas, alto-astral. Eu não seria quem eu sou se não tivesse nascido lá. O Rio é uma cidade especial, e não venham com aquele papo de que é violenta. São Paulo também é. A geografia do Rio, tão favorável à beleza, também ajuda a violência. Mas também não é sobre isso que quero falar.
Carioca tem umas manias estranhas, e é isso que vim contar aqui. Afinal, estou no Balcão da Padaria. E no Rio, a gente pede muita coisa no balcão da padaria. O pão quentinho – francês. Aquela bisnaga deliciosa – e bisnaga é charmosíssimamente falada por uma carioca. Uma cerva bem gelada – breja, francamente, é coisa de paulista. Aquela média tradicional, o pingado nosso de cada dia, o pão doce saboroso, os docinhos gostosos – pense agora numa carioca falando ‘docinhos gostosos’ com os “esses” soando como bossa-nova em seus ouvidos.
O Rio é uma delícia de cidade, vista com olhar cheio de apetite para a televisão de cachorro – aquele galeto na brasa não pode faltar jamais. E a pizza com catchup ? Típica de padaria. Pizza de padoca tem que ter catchup, ora. E os sandubas ( porque lanche é coisa de paulista também) ?! Cheesburger. Sanduíche de chester com bastante mostarda e tomate. Como você leu esta frase ? Deixa eu explicar: em carioquês a gente fala ‘sanduixxxi di xxxester com baxxxtante muxxxxtarda e tumate’. Fala sério, é ou não é uma melodia para os ouvidos este ‘sutaque’ ?
No balcão de qualquer padaria carioca tem a galera em frente à TV vendo futebol – vou poupá-los de comentários sobre os times de lá. Na padoca tem criança, tem velho contando moedas para comprar café torrado, senhoras comprando a mussarela que faltou pro lanche da tarde, mães desesperadas para levar a caixinha de leite – e eu sou da época do leite em saquinho, que minha mãe sempre comprava na padaria.
Não é à toa que o Pão de Açúcar fica no ar. Uma cidade com um símbolo desses, é recheada de sonhos. E sonho também se vende no balcão da padaria.
Janaina Pereira
Redatora publicitária, estudante de jornalismo e companheira de escriba do Léo. E, com muita honra, a Padeira Convidada.
Dica da Padeira Convidada
Agora que os quadrinhos voltaram à moda, graças ao fenomenal Sin City, aproveitem para conhecer um pouco mais dessa leitura assaz divertida. Avenida Dropsey, de Will Eisner, é a minha dica. A vida cotidiana com um olhar crítico e bem humorado do grande mestre das HQs.
O Léo, como eu, é carioca. E quem vem do Rio, por si só, é diferente. Não é bairrismo: é fato. As pessoas que nascem perto do mar são mais alegres, soltas, alto-astral. Eu não seria quem eu sou se não tivesse nascido lá. O Rio é uma cidade especial, e não venham com aquele papo de que é violenta. São Paulo também é. A geografia do Rio, tão favorável à beleza, também ajuda a violência. Mas também não é sobre isso que quero falar.
Carioca tem umas manias estranhas, e é isso que vim contar aqui. Afinal, estou no Balcão da Padaria. E no Rio, a gente pede muita coisa no balcão da padaria. O pão quentinho – francês. Aquela bisnaga deliciosa – e bisnaga é charmosíssimamente falada por uma carioca. Uma cerva bem gelada – breja, francamente, é coisa de paulista. Aquela média tradicional, o pingado nosso de cada dia, o pão doce saboroso, os docinhos gostosos – pense agora numa carioca falando ‘docinhos gostosos’ com os “esses” soando como bossa-nova em seus ouvidos.
O Rio é uma delícia de cidade, vista com olhar cheio de apetite para a televisão de cachorro – aquele galeto na brasa não pode faltar jamais. E a pizza com catchup ? Típica de padaria. Pizza de padoca tem que ter catchup, ora. E os sandubas ( porque lanche é coisa de paulista também) ?! Cheesburger. Sanduíche de chester com bastante mostarda e tomate. Como você leu esta frase ? Deixa eu explicar: em carioquês a gente fala ‘sanduixxxi di xxxester com baxxxtante muxxxxtarda e tumate’. Fala sério, é ou não é uma melodia para os ouvidos este ‘sutaque’ ?
No balcão de qualquer padaria carioca tem a galera em frente à TV vendo futebol – vou poupá-los de comentários sobre os times de lá. Na padoca tem criança, tem velho contando moedas para comprar café torrado, senhoras comprando a mussarela que faltou pro lanche da tarde, mães desesperadas para levar a caixinha de leite – e eu sou da época do leite em saquinho, que minha mãe sempre comprava na padaria.
Não é à toa que o Pão de Açúcar fica no ar. Uma cidade com um símbolo desses, é recheada de sonhos. E sonho também se vende no balcão da padaria.
Janaina Pereira
Redatora publicitária, estudante de jornalismo e companheira de escriba do Léo. E, com muita honra, a Padeira Convidada.
Dica da Padeira Convidada
Agora que os quadrinhos voltaram à moda, graças ao fenomenal Sin City, aproveitem para conhecer um pouco mais dessa leitura assaz divertida. Avenida Dropsey, de Will Eisner, é a minha dica. A vida cotidiana com um olhar crítico e bem humorado do grande mestre das HQs.
Obrigado pelo presente Jana!
Abraços do português,
Servimos bem para servir sempre, pão quentinho de hora em hora.
E-mail: lgorgueira@hotmail.com
Comente! O seu comentário é o meu salário.
*Para se erradicar a extrema pobreza brasileira seria necessário não mais que 1% da renda do País. Para se erradicar a pobreza seriam precisos 5%. É para se pensar né?
3 comentários:
obrigada pelo convite !
beijos e sucesso sempre.
Léo, agora vc pode dizer pra todo mundo que o seu texto da independencia foi inspirado no meu texto do zine
uhauhauhuhahuahuauh
as diferenças entre são paulistês e carioques são fodas, não tenho muita vontade de conhecer o rio, prefiro comer sanduiche ao invés de sanduba, sangue bom !
uhahuahuauhahuuh
Olha só Leo, entrei no seu blog por convite da Jana, com quem trabalho na agência a pouquíssimo tempo. Claro que li o texto dela, interessantíssimo, a exemplo dos vários outros do blog. Mas não me detive e resolvi fazer um comentariozinho.
A verdade mesmo é que fiquei surpresa: não são tantas as diferenças entre nós, esverdeados seres das brejas, e vocês, bronzeados das cervas. Pelo menos quando o assunto é "padoca" (falam também assim no Rio?). Vejam, com exceção do sanduíche de chester daquele jeito "interessante" e da pizza com catchup (má que isso, belo?!), a relação de carinho é bem próxima.
Paulistanos adooooooram pão francês, e pingado e pão na chapa antes do trampo são sagrados. Tá, a gente prefere Xsalada a Xburguer (é com "x" mesmo), até porque este não teria o mesmo efeito sonoro em Sampa. Frango de televisão de cachorro é uma das melhores pedidas praquele domingo em que a gente quer se ver longe do monstro de 4 bocas. Aquela farofinha que acompanha... Ah, e futebol tem também! Aliás, onde não tem? Deixa pra lá. Mesa com os velhinhos jogando dominó, consta? É, era mais fácil ver isso há alguns anos, mas que tem, tem. Leite em saquinho? Tipo A ou tipo B? Quantos eu não deixei cair no caminho de volta pra casa...
Então, acompanharam comigo? Acho que os purtugas acertaram em cheio quando apostaram nessa "instituição Mãe" chamada Padaria. Acho que existem coisas que se formam e fixam em meio ao cheiro de pão quente e fila de copos longos no balcão, só pode ser.
Roscas com creme amarelo, açúcar branquinho, pano de tulhe cobrindo tudo, umas mosquinhas rondando... Afe, páro agora, tô saindo à procura de uma!
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