01 maio, 2005

Sexta feira foi dia de sair da rotina

Hoje o negócio esta parado, ontem não postei, fui ampliar meu aprendizado...entendam da forma que quiserem.

Engraçado, descobri que escrevo melhor em uma hora e meia de almoço no serviço do que tendo um dia inteiro em casa para escrever, é para se pensar, meu cérebro reage melhor sob pressão do que quando estou com tempo.

Sexta feira dei um chapéu nos assuntos acadêmicos, resolvi pegar um cinema, e fui ver o excelente Quase dois Irmãos, afinal estava quase tomando porrada dos amigos quando falava que não tinha visto.

Uma estória ótima, porém não acrescenta em nada nos bastidores da guerra civil do Rio de Janeiro, serve muito bem para aqueles que não conhecem os meandros e particularidades deste universo, a diretora Lucia Murat apoiada pelo roteiro de Paulo Lins (autor de Cidade de Deus), consegue transmitir a rotina dos presos políticos quando são obrigados a conviver com presos comum nos anos 70 no presídio da Ilha Grande. Para os que não sabem é neste momento que surge o embrião do Comando Vermelho, a Falange Vermelha, justamente pela assimilação dos conceitos de organização das organizações políticas de esquerda que eram obrigadas devido a ditadura a viver na clandestinidade. Tudo isso é transmitido sem a gratuidade que a violência do ambiente poderia conduzir o filme.

Ponteado por uma trilha sonora excelente, com a participação de Luiz Melodia como o sambista Seu Jorge, o filme ainda traz no elenco o ator Antonio Pompeu como o chefe de tráfico Jorginho no presente, já que o filme passeia pelos anos 50, 60, 70 e faz uma alusão aos dias atuais onde o personagem é interpretado por Flavio Bauraqui, que já tinha sido visto anteriormente na refilmagem de Madame Satã como o travesti Tabu.

Werner Shünemann faz o papel de Miguel, revolucionário de esquerda, nos dias atuais, e Caco Cicoler que interpretou um “lamentável” Luiz Carlos Prestes no péssimo Olga, da vida ao personagem nos anos 70. Destaque para os personagens Deley e Pingão interpretados representados por Renato de Souza e Babu Santana, atores do grupo de teatro Nós do Morro, que fazem justamente o contraste da estória, em períodos diferentes, onde se pode notar o momento em que a ideologia separa-se da necessidade de sobreviver. Como diz a frase que norteia o filme do começo ao fim: "Temos duas vidas. Uma a que sonhamos, a outra a que vivemos."

Como a coluna hoje foi praticamente uma dica do português, eu sugiro somente uma “músiquinha”, para ouvir enquanto lêem a coluna:

Espelho – João Nogueira
Abraços do português,
Servimos bem para servir sempre, pão quentinho de hora em hora.

Um comentário:

Anônimo disse...

Gostei, somente não concordo com a crítica embutida para o Olga, achei o filme legal...