04 março, 2006

Habemus Papam Nepotisme*

Não existe um meio termo para o nepotismo. Temos de um lado um Severino, que defende o pratica, muitos representantes do judiciário que se mantém firmes na postura de que os parentes devem permanecer nos cargos já ocupados. Porém no ultimo dia 23/02 após a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que legalizou a resolução anti-nepotismo do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) este cenário tende a sofrer uma mudança.

A decisão do Supremo foi a senha para uma série de exonerações em cascata. Alguns tribunais já haviam feito a exoneração de alguns funcionários logo após a resolução do CNJ, mas muitos esperavam o julgamento em última instância para tomar as medidas legais. Funcionários do país inteiro entraram com recursos no Supremo, em um total de 1.500 liminares, questionando a legalidade da resolução.Segundo o balanço da OAB, o tribunal com maior número de exonerações é o de Minas Gerais, com 494 funcionários demitidos por relações de parentesco com juízes, desembargadores e outras funções de chefia. Os tribunais de Mato Grosso (212) e Alagoas (202) vem na seqüência.

Agora, por que temos esta cultura? Não só no Brasil, mas como na América Latina, é comum este subterfúgio, de empregar parentes, amigos e afins. Segundo o historiador, escritor e diplomata aposentado, Evaldo Cabral de Mello, este fenômeno, provém da cultura católica, responsável pela formação moral social da América Latina. Ao contrario da cultura protestante onde a ambição pessoal se sobrepõe a família tornando o individuo mais independente, a formação católica pregando valores mais familistas desenvolve menos a independência do individuo.

Mas o nepotismo é apenas um substantivo masculino, e não explica a grande mazela moral que afeta aqueles que estão no topo da cadeia política brasileira. Nepotismo? Veja o caso da família Maluf, o mais competente, Roberto, foi cuidar da empresa da família a Eucatex e o outro, não sabiam onde colocar o jovem Paulo, conseguiram alocar o engenheiro esforçado na Política.

O nepotismo na inciativa privada não chega a ser um problema, o próprio ambiente de trabalho se encarrega de ceifar os que não se adaptam. O problema é o serviço publico e a carreira política, estes são depósitos de incompetentes. Quer mais um exemplo? Em Juiz de Fora tinha um engenheiro fracassado, que possuía uma empresa de construção civil que não foi adiante. Este engenheiro o que virou? Presidente do Brasil, tudo bem, ele ganhou a vaga que um Fernando deixou em seu gabinete antes de sair do planalto. Já sabe quem é?
* O título é uma ironia que fiz com a famosa frase que anuncia o novo papa no vaticano e com a etimologia da palavra nepotismo que a junção dos sufixos nepote + ismo que gerou a palavra em francês nepotisme, isso em 1653, que significava ''favores de que desfrutavam os sobrinhos do papa''.

Dica do Português:
EL NEGRO DEL BLANCO - PAULO MOURA E YAMANDU COSTA

Sou bem suspeito para falar dele, mas a minha dica esta semana é para quem esta afim de conhecer o maior violonista brasileiro da atualidade: Mapeando a música instrumental latino americana o show El Negro Del Blanco, traz composições de Astor Piazzolla, Atahualpa Yupanqui e Baden Powell entre outros.

Depois Baden Powell, o jovem Yamandu Costa é o prosseguimento de uma linhagem espetacular de grandes violonistas brasileiros. Hoje não é mero adjetivo piegas chamar o gaúcho de gênio.

Onde: Sesc Santana
Endereço: avenida Luiz Dumont Vilares, 579 Santana São Paulo – SP
Telefone: 11 6971-8700
Quando: Dia 04/03 às 21:00 hs e dia 05/03 às 19: 00 hs
Quanto: R$ 20,00; R$ 15,00 (usuário matriculado). R$ 8,00 (trabalhador no comércio e serviços matriculado e dependentes). 10,00 (estudantes e idosos)

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2 comentários:

Anônimo disse...

Com certeza este pode ser um puta tema de pesquisa...
Concordo em parte com a argumentação de Evaldo Cabral de Mello que com certeza deve ter "bebido" na "Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo" do Weber para fazer a comparação com a moral protestante.
Podemos citar a abordagem de Sergio Buarque de Hollanda que cria o conceito de "homem cordial" e misturá-la com todo o esquema do "favor" de Roberto Schwarz. Mas imagino que falta alguma coisa aí....
Falta citar um comportamento de acumulação de renda nas mãos da "família". Isto poderia ser melhor estudado e melhor formulado.

[]s
Cabral

Diana C. disse...

nossa, como eu sou inculta, nunca ouvi falar nesse violinista daí da sua dica!!!
Ow, quem botou o severino na onde ele tava? Foi votação? Tipo teve voto do povo e tals?
Se teve, Credddduuuuuuuu...rs
Beijos