16 fevereiro, 2006

Quimera Judicial

120 PMs denunciados.
111 presos mortos ou melhor massacrados.
515 tiros deflagrados.
176 destes tiros, atingiram seus “alvos” pelas costas.

632 anos de prisão. É a pena que o coronel Ubiratan Guimarães deveria cumprir. Mas pena que um júri de desembargadores do estado de São Paulo para quem o coronel recorreu não soube ler os autos do processo. Somente com estas cinco linhas que iniciam o processo seriam suficientes para manter a decisão de junho de 2001 concedida pela juíza Maria Cristina Cotrofe.

Coronel Ubiratan sabia que a decisão não mudaria quando foi iniciado o inquérito policial em outubro de 1992. Após o companheiro de caserna o ex-governador Fleury virar-lhe as costas, restava o ex-comandante do policiamento metropolitano recorrer aos escusos meandros da constituição brasileira para livrar-se da condenação.

E foi o que o coronel conseguiu. Em 1997 tornou-se deputado estadual pelo PSD e ganhou com isso direito a foro privilegiado. Tentava assim tornar a decisão de setembro de 1998 de levar-lhe para júri popular como improcedente. Graças aos esforços da promotoria conseguiram desfazer esta manobra. E como foi dito anteriormente, em junho de 2001 o coronel foi condenado a 632 anos de prisão.

O que acontece agora é que o ministério publico tem de alguma forma, tentar mudar este devaneio de vinte desembargadores e fazer valer a decisão da juíza Maria Cristina Cotrofe. A votação feita pelo Tribunal de desembargadores, é um processo que pode abrir precedentes, respaldar e chancelar novos massacres policiais. Se os desembargadores por ventura, viram problemas no veridito da juíza do processo, o correto seria anular esta decisão e não tentar corrigir a sentença. Com isso o coronel Ubiratan, que foi saudado no regimento de cavalaria ontem (15-02) como herói, ganha pelo menos mais dois anos de liberdade, até que se consigam transpor as barreiras jurídicas para um novo julgamento.

Lembrando a todos que: justiça tardia não é justiça. É vergonha.

Dica do português:

Para ver o Brasil por outros olhos, a dica para o final de semana pré carnavalesco que se inicia é ir até o MAM e olhar esta terra mãe gentil (?) com os olhos antropológicos do francês Pierre Verger.

"O Brasil de Pierre Verger" apresenta outra faceta do francês, com 290 fotografias (das quais 70% é inédita ao público). A curadoria de Alex Baradel, que pesquisou as imagens na Fundação Pierre Verger, destaca na exposição imagens do interior da Bahia e de Pernambuco, além de retratos arquitetônicos (inclusive de São Paulo), religiosos e carnavalescos da região, com dança e personagens (como travestis) capturados por suas lentes na virada dos anos 40 para os 50.

A mostra está dividida em seis núcleos: Manifestações Populares, Arte e Artesanato, Cotidiano, Atividades Profissionais, Sertão/Fé e Cultos Afro-Brasileiros.Fica no MAM-SP até 26 de março, segue para o MAM do Rio de Janeiro (de 30 de maior a 15 de julho) e depois para o de Salvador (de agosto a outubro).

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5 comentários:

Fabio Camargo disse...

pô, eu vou domingo lá no MAM.
aliás, foi assunto do almoço de hoje, esta exposição. até surgiu como possível pauta pro GameZone mas, logo foi descartada, sendo que não é muito a meta do público, infelizmente. ¬¬
e eu já estava empolgado em fazer esta matéria.. mas a juventude só quer video-game, blá blá blá. quando passamos teatro, cinema, criançada manda email reclamando. vai entender, né? nós incentivando-os à cultura e eles, só se afastando.
enfim, vi esta notícia do ubiratan no bom dia brasil, hoje e, não sei porque mas.. pensei em você, na karen, na risoleta..
queria voltar aos tempos em que estávamos todos, ainda.. alexandre, vivi, jamile também.. saudade das pessoas, viu?

e se você me abandonar também eu te bato, léo! =(

Anônimo disse...

Oi Léo!!!
Como sempre, seus textos muuuuito bem escritos.
Vc não sabe, mas te admiro muito!!!
E como ando muito por fora ultimamente do que se passa no Brasil (tá bom, eu assumo!), entrar no seu blog é me encher de informações.
Beijinhos.
Tenha um bom dia!

Anônimo disse...

Pô...finalmente atualizou né? ...rs...eu já estava me sentindo orfão...rs. Gosto mto do seus textos e de suas opiniões.
Um abraço.

Anônimo disse...

Léo, eu concordo com vc quando diz que temos que ter justiça aos crimes cometidos, mas não tenho ressentimento de dizer que a justiça tem que ser para todos.
Uso as suas palavras para lembrar que temos um sobrinho sem pai e uma irmã que até hoje não se conforma com a injustiça. Hoje o tal coronel citado não foi julgado por 111 presos mortos (que já estavam lá por motivo justo) e hoje muitos presos "soltos" não são julgados por milhares de famílias mortas.

Diana C. disse...

É...
Justiça um treco complicado aqui no Brasil, acho...

Beijos