11 outubro, 2005

Para quem acredita em tudo

Após um período de inatividade, estou voltando agora à velha forma. Esta estória aconteceu em uma cidade do interior. Dois coronéis, daqueles típicos que o interior do Brasil produz aos borbotões, eram desafetos, moravam na mesma cidade, logo brigavam pelo mesmo curral eleitoral.

Não podiam se ver que estourava uma briga. As ofensas, palavras de baixo calão, calunias, em algumas ocasiões chegavam até a agressão física. Certa ocasião em virtude de uma campanha, onde teve sua honra atingida, coronel Inácio, ameaçou de morte seu rival, o major Silva. A turma do deixa disso procurou colocar panos quentes. Como quem bate esquece, mas quem apanha lembra, o tempo fez-se novamente senhor da situação.

Alguns anos depois o major Silva aparece morto em uma estrada. Baleado. Quatro tiros. Um na cabeça, três no peito. As investigações da policia levam até o coronel Inácio. Aconselhado por seus advogados, o coronel Inácio em seu depoimento diz que tudo não passou de um acidente.

Ele tinha marcado um encontro com o desafeto em uma estrada de pouco movimento, a fim de conversarem em paz e tentarem por fim a esta inimizade, que tanto incomodava coronel Inácio. Sem pessoas por perto seria melhor para conversar disse o coronel.

Chegando no local, viu que o inimigo lá já estava. Cumprimentaram-se friamente. Então o coronel Inácio, disse ao Major Silva: “- O amigo espere aqui, vou pegar minha lanterna no carro para que possa ver seu rosto. Não gosto de conversar sem olhar nos olhos.” Foi até o carro em busca do objeto. Mexendo no porta luvas em busca de tal apretecho, equivocou-se, ao invés de pegar a lanterna, pegou uma magnun 357, não percebendo o equivoco, dirigiu-se até o local onde se encontrava o “amigo”. Ao se defrontar com este, buscou ligar a pseudo lanterna, quando um disparo se ouviu. Ainda sem perceber que tinha uma arma nas mãos, ao invés de uma lanterna, tentou em vão, fazer acender a luz desta, diparando contra o desafeto, estirado no chão mais três tiros. Só então, dando-se conta do lapso, entrou no carro e voltou para cidade sem nada contar a ninguém.

Esta foi à versão de coronel Inácio para o acidente daquela noite.

Moral da estória: Se você acredita que Lula nada sabia sobre o esquema de corrupção no governo, acredita que Roberto Jefferson é um herói, acha que Genuíno assinou sem saber pedidos de empréstimo, e que Delubio fez caixa dois sem o PT ter conhecimento. Acreditar nesta fantasiosa fábula é algo totalmente plausível.

Dica do Português:

Quando o Carnaval Chegar - Chico Buarque

A dica poderia valer tanto para o filme quanto o disco, mas vou falar especificamente do disco: Trilha sonora original do filme de Carlos Diegues, lançada em 72 que reúne Chico Buarque, Maria Bethânia e Nara Leão interpretando as canções. Vale a pena conferir as composições de Chico, que na ocasião do lançamento do disco eram inéditas: Bom Conselho, Mambembe, Soneto, além da interpretação ímpar dos três "monstros" da MPB no clássico Cantores Do Rádio.

Abraços do português,
Servimos bem para servir sempre, pão quentinho de hora em hora.
E-mail: lgorgueira@hotmail.com
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4 comentários:

Anônimo disse...

Trágicamente cômico. Enquanto houver quem acredite nas fábulos e malabarismos retóricos de todos esses Inácios e Silvas(ou seria DESSE Inácio da Silva...?) que governam (governa)nossa "terrinha", estaremos fadados a ouvir isso sempre.

Pena nem todos terem ciência dessa pilhagem a qual nós somos submetidos

Mais um texto coerente e que mostra os contornos de nossa atual conjuntura política.

Abraços, Léo!

Anônimo disse...

Gostei, muito até desse texto!
Acreditar...Ultimamente, não acredito mais em nada!

Beijos

Janaina Pereira disse...

bom, muito bom !!!
achei qeu sua dica ia ser ler a SUA LISTA no meu blog ... rs ... bom feriado e até as provas.

wilL disse...

Caralho Léo !
Muito foda a sua historinha, muito crítica e inteligente
bjo