02 agosto, 2005

Agosto se inicia

Semana quente...O Waldemar (Costa Neto) foi primeiro a “gemer”. Assumiu-se como beneficiário de numerário de origem duvidosa. Renunciou. Táticas do poder. O Severino, que andava calado elogiou a atitude de Waldemar (mais uma clássica do Severino) e pediu aos paulistas que reelejam este homem digno. Sem comentários. O Dirceu vai para cruz daqui a pouco, é um dos, senão o mais esperado depoimento da inqisição, digo CPI. Que hoje promete esplhar tudo o que for jogado no ventilador.

Fazendo a parte da mãe que avisa ao filho que vai ficar gripado se ficar no sereno, eu digo. Tudo isso poderia ter sido evitado. Ignorância, inocência, burrice ou complacência? Não sei. Mas em fevereiro de 2004 quando tudo começou a ruir, (nenhuma crise começa em seu clíma) na ocasião, Waldmiro Diniz, o braço direito de José Dirceu, que por sua vez era o braço direito de Lula foi flagrado no vídeo pedindo propina a Carlos Cachoeira, empresário do setor lotérico no Rio de Janeiro.

Se Lula tivesse na ocasião permitido a CPI dos Bingos, demitisse José Dirceu, talvez não tivesse evitado a crise, mas teria tirado grande parte da munição da oposição. Depois deste verdadeiro tiro no pé, foram trapalhadas atrás de trapalhadas.

O caso Jefferson foi onde o caldo desandou. Ai sim pode se dizer que a blindagem do PT em volta de Lula começou a desmoronar. O presidente somente demitiu José Dirceu, depois de muito tempo. O mesmo se deu com Delúbio quando foi acusado pelo “inconfidente” Jefferson de ser o principal operador do mensalão. Delubio somente saiu depois da reportagem da Veja quando foi provada sua ligação com o mensalão e Marcos Valério. Silvio Prereira, aquele que tem amigos generosos que são carros em troca de amizades fieis. Somente pediu a desfiliação quando tudo veio a público.

Gushiken: nada foi feito contra o japonês do governo. Depois de tudo que foi levantado contra ele, apenas foi rebaixado de cargo, mas isso, o presidente fez para proteger o amigo. Mesmo depois de terem levantado a influencia dele sobre os fundos de pensão nada mais foi feito.

E o tal de Fabio Luiz Lula da Silva. Uma empresa que tem capital de composto por 25% de dinheiro público, a Telemar, injeta cinco milhões de reais na empresa do filho do presidente e fica por isso mesmo. Lula ainda acha normal e reclamou que a imprensa invade sua vida privada.

Francamente...Somos um país bundinha mesmo. Entramos em agosto. Getulio por muito menos “se matou”.

Dica do Português:

Seguindo a linha da última frase, hoje vai um dos maiores livros do maior escritor (em minha opinião deste pai). Uma ficção sobre o suicídio de Getúlio Vargas Ficção e realidade se mesclam nesse que é o mais ambicioso romance da carreira do escritor carioca Rubem Fonseca. O pano de fundo é o mês de agosto de 1954 na capital da República, palco de uma sucessão de episódios macabros: o crime da Rua Tonelero, atentado contra o jornalista Carlos Lacerda, idealizado por um empregado do então Presidente da República, Getúlio Vargas; o suicídio de Vargas e a multidão protestando nas ruas. Baseado em uma extensa pesquisa histórica, Fonseca introduz crimes paralelos à trama principal, colocando em ação um delegado incorruptível, amante de duas mulheres e atormentado por uma úlcera. Publicado em 1990, o livro deu origem a uma série de TV, de enorme êxito, e às mais variadas especulações. O debate em torno da morte de Getúlio voltou à tona, como só um mago da narrativa pode provocar. Como sempre, a narrativa pega o leitor desavisado e o faz percorrer túneis de pesadelo. Destaque para um dos melhores personagens do Rubão, o comissário Guedes, é o maior exercício literário do autor junto com o advogado Mandrake.

A Companhia das Letras Lançou uma versão de bolso bem baratinha, boa relação custo beneficio.

Abraços do português,
Servimos bem para servir sempre, pão quentinho de hora em hora.
E-mail: lgorgueira@hotmail.com

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