Pois é...E quem disse que não há regras na guerra? Saiu hoje nos EUA um manual que regulamenta as técnicas de tortura, digo, técnicas de interrogatório que podem ser usadas pelos inquisidores, ops, me desculpem os oficiais do exército americano no que diz respeito ao trato dos prisioneiros. Pois é, eles apenas estão acatando o que direitos humanos, a convenção de genebra e tantos outros pregavam. O novo manual de interrogatório que expressamente exclui técnicas cruéis reveladas durante o escândalo na prisão de Abu Ghraib, no Iraque, e incorpora meios de proteção desenvolvidos para prevenir comportamento inadequado em prisões militares no futuro, disseram oficias ontem, de acordo com reportagem publicada nesta quinta-feira no jornal The New York Times. O manual, o primeiro após 13 anos, vai proibir explicitamente despir prisioneiros, deixá-los em posições de estresse por muito tempo, usar cachorros para intimidá-los e privá-los de dormir como um recurso para fazê-los falar. Estas práticas não estavam incluídas no manual em uso quando os abusos ocorreram na prisão de Abu Ghraib em 2003.
E agora? Será que não é caso de se pensar em apropriar-se intelectualmente da idéia do Tio Sam e adotá-la aqui no Brasil? Sei que dificilmente vamos saber se lá nos EUA ele vai estar sendo seguido à risca, mas a idéia é boa. Vou eu mais uma vez fazer papel de advogado do diabo, mas vivemos hoje em um pais, que não se pode confiar nas pseudo-autoridades, sou cidadão honesto, procuro andar na linha. Mas quem me garante que não posso ser confundido? Onde me apoio na hora em que for preso após uma revista abusiva e me plantem provas de comportamento ilícito? O que vou fazer? Nossa polícia não é confiável, tenho muito medo quando “tomo uma geral”, e se eu não tiver o $$ para me “liberarem” de algo que não fiz? Entendem a preocupação? Todo mundo que conheço já tomou geral, eu, fui vitima deste instrumento de coação varias vezes, e tive medo quando o policial enfia a mão no meu bolso ou abre minha mochila, quem me garante que ele não vai colocar algo lá? Sei que esta minha linha de raciocínio é utópica, sonhadora, mas acredito que a realidade que vivemos hoje foi utopia um dia.
Fugindo um pouco do presente, e buscando apoio no passado, vou contar a estória de um senhor que hoje faz parte da história. O nome dele é Ademar, ele lutou junto com um “tal” Carlos Lamarca no sertão Baiano e no interior de Minas Gerais. Na tentativa de implantar uma revolução no Brasil, de ir contra a república dos Generais, o “seo” Ademar, brigou junto com Lamarca, procurou formar ideologicamente camponeses nestes rincões e foi preso em Minas Gerais e trazido para São Paulo.
Aqui tentaram arrancar localizações de acampamentos, aparelhos revolucionários e nomes de companheiros, torturam “seo” Ademar. Não conto por que ouvi falar, conto por que conheço o “seo” Ademar. Quando me formei em História, um dos meus companheiros de cadeira era ele. O que fizeram com quem na época era um jovem no seu auge da forma física e intelectual é um ato no mínimo desumano. Ele relata que o pior de tudo foi a “cadeira do dragão”, que consiste em uma cadeira, forrada de chapas metálicas, onde eram ligados fios elétricos. O torturado sentava nela, o molhavam e ligavam a energia. Isto fora os pés quebrados, telefones, doze dentes perdidos e as unhas das mãos arrancadas. “Seo” Ademar jura que não entregou um nome, que calou, ou como disse Mario Benedetti: “xinguei como um louco. Que é uma linda forma de calar”. Se por um acaso “seo” Ademar tivesse entregado algum nome ou companheiro, seria compreensível. Afinal, um homem que diz que quando apagavam “só” cigarro em seu corpo ele achava que os torturadores estavam sendo boa gente.
E por isso que se pede uma atuação maior no sentido das técnicas de interrogatório aplicadas, para que pessoas como eu, não tenham medo de andar na rua, e para que estórias como a do “seo” Ademar, não ilustrem conversas de balcões de padaria.
E agora? Será que não é caso de se pensar em apropriar-se intelectualmente da idéia do Tio Sam e adotá-la aqui no Brasil? Sei que dificilmente vamos saber se lá nos EUA ele vai estar sendo seguido à risca, mas a idéia é boa. Vou eu mais uma vez fazer papel de advogado do diabo, mas vivemos hoje em um pais, que não se pode confiar nas pseudo-autoridades, sou cidadão honesto, procuro andar na linha. Mas quem me garante que não posso ser confundido? Onde me apoio na hora em que for preso após uma revista abusiva e me plantem provas de comportamento ilícito? O que vou fazer? Nossa polícia não é confiável, tenho muito medo quando “tomo uma geral”, e se eu não tiver o $$ para me “liberarem” de algo que não fiz? Entendem a preocupação? Todo mundo que conheço já tomou geral, eu, fui vitima deste instrumento de coação varias vezes, e tive medo quando o policial enfia a mão no meu bolso ou abre minha mochila, quem me garante que ele não vai colocar algo lá? Sei que esta minha linha de raciocínio é utópica, sonhadora, mas acredito que a realidade que vivemos hoje foi utopia um dia.
Fugindo um pouco do presente, e buscando apoio no passado, vou contar a estória de um senhor que hoje faz parte da história. O nome dele é Ademar, ele lutou junto com um “tal” Carlos Lamarca no sertão Baiano e no interior de Minas Gerais. Na tentativa de implantar uma revolução no Brasil, de ir contra a república dos Generais, o “seo” Ademar, brigou junto com Lamarca, procurou formar ideologicamente camponeses nestes rincões e foi preso em Minas Gerais e trazido para São Paulo.
Aqui tentaram arrancar localizações de acampamentos, aparelhos revolucionários e nomes de companheiros, torturam “seo” Ademar. Não conto por que ouvi falar, conto por que conheço o “seo” Ademar. Quando me formei em História, um dos meus companheiros de cadeira era ele. O que fizeram com quem na época era um jovem no seu auge da forma física e intelectual é um ato no mínimo desumano. Ele relata que o pior de tudo foi a “cadeira do dragão”, que consiste em uma cadeira, forrada de chapas metálicas, onde eram ligados fios elétricos. O torturado sentava nela, o molhavam e ligavam a energia. Isto fora os pés quebrados, telefones, doze dentes perdidos e as unhas das mãos arrancadas. “Seo” Ademar jura que não entregou um nome, que calou, ou como disse Mario Benedetti: “xinguei como um louco. Que é uma linda forma de calar”. Se por um acaso “seo” Ademar tivesse entregado algum nome ou companheiro, seria compreensível. Afinal, um homem que diz que quando apagavam “só” cigarro em seu corpo ele achava que os torturadores estavam sendo boa gente.
E por isso que se pede uma atuação maior no sentido das técnicas de interrogatório aplicadas, para que pessoas como eu, não tenham medo de andar na rua, e para que estórias como a do “seo” Ademar, não ilustrem conversas de balcões de padaria.
Sugestão do português hoje é literária, é sobre um dos citados no texto:
Mario Benedetti, é uruguaio, autor de mais de sessenta livros, mas um que vai servir de base para quem não o conhece é a sua Antologia Poética, editada no Brasil pela Record. Vale ler o poema clássico O Homem Preso que Olha o Seu filho, de onde vem a citação do texto.
Sítio: www.utopia.com.br/poesialatina (o site tem poemas maravilhosos incluindo do Benedetti.)
Mario Benedetti, é uruguaio, autor de mais de sessenta livros, mas um que vai servir de base para quem não o conhece é a sua Antologia Poética, editada no Brasil pela Record. Vale ler o poema clássico O Homem Preso que Olha o Seu filho, de onde vem a citação do texto.
Sítio: www.utopia.com.br/poesialatina (o site tem poemas maravilhosos incluindo do Benedetti.)
Abraços do português,
Servimos bem para servir sempre, pão quentinho de hora em hora.
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